6 de março de 2009




peço-te sempre baixinho que acredites em mim.
estou cansada.
as imagens desvanecem-se. dois passos em frente e o vazio. abro os braços. leve. livre.
tenho medo.

2 de março de 2009



Justin Nozuka - After Tonight


Way above the clouds
And high above the stars
Through the unknown black holes
No one knows where we are
But we'll return to earth
And do it all over again

1 de março de 2009


riscas.

28 de fevereiro de 2009

um-do-li-tá,

cara de amendoá,

um segredo colorido

quem está livre,

livre está.

27 de fevereiro de 2009


Live fast, Die young?



Num comboio a alta velocidade, olhamos pela janela e nada vemos - disse o senhor W. - A grande velocidade, o que era janela passa a ser parede. É tudo tão rápido que podemos passar ao lado do paraíso - jardim, flores, crianças e nada de sofrimento, doença ou morte - e não o notamos.

Reduz a velocidade do comboio - continuou o senhor W. - e os teus olhos passarão mais lentamente pelas coisas, e estas começarão, finalmente, a existir - pois só existe o que é olhado durante um certo tempo. Se olhas um instante mínino (quase zero) para um copo e logo devias o olhar é como se, na realidade, esse copo nao existisse. Reduz a velocidade do comboio: primeiro cinquenta, depois quarenta, depois trinta, depois vinte, depois dez, e a cada diminuição da velocidade verás mais coisas; os pormenores do mundo aumentam. Como se o mundo, visto a baixas velocidades, tivesse mais coisas - disse o senhor W.
O que era apenas uma casa, quando a setenta quilómetros por hora, é, afinal, uma casa pintada de verde com duas janelas, quando por ela se passa a sessenta quilómetros. E a cinquenta quilómetros por hora vemos que uma das janelas tem um vaso cheio de flores e a outra, além de um vaso, tem uma mulher que, depois - a quarenta quilómetros por hora - vemos que tem cabelos longos acastanhados e a trinta quilómetros por hora um vestido branco e liso, e a vinte quilómetros já a cor dos olhos é evidente, e a dez quilómetros por hora conseguimos estranhamente distinguir um dedo que nos chama e quando finalmente paramos (zero de velocidade), conseguimos ver os lábios dessa mulher e só aí percebemos que, desde há muito, desde que passámos por ela a grande velocidade, ela nos faz uma declaração de amor que só agora escutamos.
Porque se passamos a grande velocidade pelo mundo este também nos parece mudo - disse o senhor W.
Em suma, reduzir a velocidade para evitar que a existência se transforme numa parede muda e interminável - murmurou o senhor W.

por Gonçalo M. Tavares em A velocidade.


not so fast...








Parabéns Mãe.
27 Fevereiro 1954