Ali, o dinheiro empobrece o encanto. E toda aquela magnificência é insignificante perante o que move aquelas pessoas. Elas apenas procuram paz. Crendo, rezando e acendendo velas. O silêncio está carregado de pedidos e de agradecimentos. E eu sinto-me bem naquele ambiente. Coloco-O em questão, não apoio aquela ostentação e comércio religioso, respeito a crença daquelas pessoas mas apenas acredito na pequenez do ser humano perante a vida e na força interior que todos nós possuímos para enfrentar um, e mais um, obstáculo que se coloca diante de nós.
Em Fátima.
Perco-me nas memórias da tia que me embalam para o seu passado. Vejo os seus olhos embargados de saudade e lágrimas. E oiço a voz daquela mulher que outrora fora muito feliz e que hoje sofre mas que possui uma coragem incrível. Quem a ouve, sabe que ela ainda o ama e por isso é que trata dele dia a dia, sem descanso. Ontem ele era Homem. Hoje é apenas o que a vida fez dele, tornando-o numa peça sem vida num jogo de xadrez. A sua cabeça está confusa, os movimentos são poucos mas o sorriso surge inesperadamente. E ali nada é forçado ou com maldade. O sorriso surge-lhe no rosto como se de uma criança se tratasse. Sei que não me reconheceste mas os sorrisos que me deste apagaram, por momentos, os efeitos que a alzheimer tem em ti.
Na Nazaré.
Gosto daquele espaço. E quero lá voltar.
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