7 de janeiro de 2008

A desconexão deste dia a outros

Ali, o dinheiro empobrece o encanto. E toda aquela magnificência é insignificante perante o que move aquelas pessoas. Elas apenas procuram paz. Crendo, rezando e acendendo velas. O silêncio está carregado de pedidos e de agradecimentos. E eu sinto-me bem naquele ambiente. Coloco-O em questão, não apoio aquela ostentação e comércio religioso, respeito a crença daquelas pessoas mas apenas acredito na pequenez do ser humano perante a vida e na força interior que todos nós possuímos para enfrentar um, e mais um, obstáculo que se coloca diante de nós.

Em Fátima.

Voltei àquela típica vila de pescadores, onde as mulheres vestem sete saias e o mar é fonte de vida. A casa da tia é perto do mar e eu não podia deixar de o admirar mesmo sabendo que, pelo menos hoje, não iria sentir a sua brisa forte e ver o quão bravo estava. As ruas são a pique e a casa da tia é confundível com todas as outras casas típicas nazarenas. Somos então acolhidos numa recepção calorosa e que nos cativa. São saudades. Naquele momento, vejo que já não somos os mesmos.
Perco-me nas memórias da tia que me embalam para o seu passado. Vejo os seus olhos embargados de saudade e lágrimas. E oiço a voz daquela mulher que outrora fora muito feliz e que hoje sofre mas que possui uma coragem incrível. Quem a ouve, sabe que ela ainda o ama e por isso é que trata dele dia a dia, sem descanso. Ontem ele era Homem. Hoje é apenas o que a vida fez dele, tornando-o numa peça sem vida num jogo de xadrez. A sua cabeça está confusa, os movimentos são poucos mas o sorriso surge inesperadamente. E ali nada é forçado ou com maldade. O sorriso surge-lhe no rosto como se de uma criança se tratasse. Sei que não me reconheceste mas os sorrisos que me deste apagaram, por momentos, os efeitos que a alzheimer tem em ti.

Na Nazaré.

Gosto daquele espaço. E quero lá voltar.

Nenhum comentário: