24 de fevereiro de 2008

Entre ontem e hoje

Chego à janela entreaberta e encosto a cabeça. E daquela abertura vertical entra um vento forte. Fecho um pouco mais o casaco. Os meus cabelos são sugados para fora. Oiço o assobio do vento. Os carros deslizam pela estrada molhada, como pontos móveis de todo o panorama. As árvores são empurradas pelo vento consoante a sua direcção.
E, impulsionada pela hora e pelo tempo, fecho a janela.
Minutos depois rumo a uma nova viagem.
As ondas embatem nos pilares da ponte. O vento continua forte. Olho o céu cinzento, carregado de nuvens ensopadas de água. O Tejo muito agitado. Alguns pingos de chuva no vidro. O silencio.
Tenho vontade de gritar o que vai cá dentro de forma espontânea. De dizer palavras sem pensar no abecedário ou entoar a pontuação.
Mas colo em mim as emoções.
Fico com a alma inteira.
Este tempo faz-me sentir bem. Recolho-me.
O vento torna as palavras, as pretensões e as ideias em insignificâncias que vagueiam incertas por aí. Estas coisas enigmáticas da vida, que me corroem os pensamentos e desgastam qualquer um, são um nada (que é tudo).
Decidida a não pensar mais nisto nem naquilo, deixo os cabelos viajar ao sabor do vento. Sinto os pingos de chuva na cara. E sorrio mais um pouco. Abandono os deveres.
Cessa-se o desassossego, por algum tempo.
No fundo, há momentos para nos preocuparmos e momentos para não nos preocuparmos (ou fingirmos que o fazemos).

Poderia ter falado do dia de hoje. Desbobinar uma série de coisas e comentar novamente o Domingo.
Mas não.

Já agora, o balanço do fim-de-semana foi positivo.
E o céu?
Esse continua cinzento e bonito.

21 de fevereiro de 2008

Até amanhã.

Anoitece.
Vestígios. No profundo. Do fundo.
Palavras.
Os sentidos devoram-me.
E ainda não chegou o fim.

19 de fevereiro de 2008

...




15 de fevereiro de 2008

Trânsito

em demasia.

Congestionamento cerebral.

14 de fevereiro de 2008

just fly.. HIGH!



Menina que te refugias ao sol,
Pela tarde, Tens agora plena liberdade Para voar no espaço E sonhar. Deixa a alma livre.

Navega por outros lugares que não este.
Vive em sonho.
Enrosca-te na almofada. Aninha-te nos lençóis.

Não sabes exactamente por onde irás Por isso, Corre livremente ao sabor do espírito. Do céu e do vento. E sorri.

10 de fevereiro de 2008

Janela (II)

Há 7 dias passei por aqui.
E gosto.
A sensação de entrar na escuridão.
A velocidade.
Apenas vê-se os poucos metros que aparecem à frente.
Porque são esses que realmente importam.
O resto do caminho é uma surpresa.
Obriga a reagir instantaneamente e instintivamente.
Faz-se variar o alcance da luz dos faróis.
Muda-se a direcção do carro para a direita. E para a esquerda.
Esquiva-se a um buraco.
Faz-se uma curva apertada.

Ultrapassa-se um carro.
As lombas obrigam a diminuir a velocidade. Atrasam a descoberta dos metros seguintes.
A junção dos retalhos de pano. O azul acinzentado do céu. O verde escuro da mata.
Uma junção.
Misto.
Um corte no horizonte. A ponte da Lezíria.
As luzes, ao longe. Pontos luminosos que se aglomeram.

pelos caminhos de Salvaterra de Magos.
Benavente.
Vila Franca de Xira.


Um dia perco-me aqui. Desligo-me da cidade e fujo.
Nao é tarde, nem é cedo.

9 de fevereiro de 2008

Cansaço, apenas.


Tenho dó das estrelas

Luzindo há tanto tempo,
Há tanto tempo...
Tenho dó delas.

Não haverá um cansaço
Das coisas,
De todas as coisas,
Como das pernas ou de um braço?

Um cansaço de existir,
De ser,
Só de ser,
O ser triste brilhar ou sorrir...

Não haverá, enfim,
Para as coisas que são,
Não a morte, mas sim,
Uma outra espécie de fim,
Ou uma grande razão -
Qualquer coisa assim
Como um perdão?

Fernando Pessoa - Mensagem, nº 1, Abril de 1938

7 de fevereiro de 2008

Secalhar,

depois de reler um pouco do que aqui se tem escrito,
já consigo perceber o porquê de me sentir assim.
Inconstante.

A confiança é o que me possibilita viver melhor com os outros. E comigo. Ela fortalece a coragem de entrega. Respiro fundo. Não confio. Ponto assente. E afasto-me das pessoas à mesma velocidade que, possivelmente, elas se tentam aproximar. Não fazem sentido na minha vida. Talvez não as compreenda. Talvez porque elas não me compreendem. Roubam-me o sorriso.
A vontade. A não-vontade.
Apenas respondo aos estímulos que me rodeiam. A não absorção do respeito e do carinho. A não transmissão. Logo, o não recebimento.
Não interessa. Tenho outros detalhes mais importantes. Os que preenchem cada cantinho. Que provocam bem-estar.
Porque sei o que quero.
O sol. O vento. A vela. O incenso. O sorriso. A ternura.
Os gestos e os sentimentos que preenchem os momentos de duvidas. E que, no final, me conseguem acalmar e adormecer.
O beijo. O calor. A atenção. O abraço. O entrelaçar de mãos.
Os raios de sol. O jardim.
Aqui. Contigo.
Encho os pulmões de ar. Fresco.
Sinto!

O sentimento, aquele que magoa o meu sorriso, está aos poucos a fazer a mala...

5 de fevereiro de 2008

A não esquecer

" Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço que a minha vida é a maior empresa do mundo. E que posso evitar que vá à falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e tornar-se o autor da própria historia. É atravessar desertos fora de si mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma. É agradecer a Deus a cada manha pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um não. É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.

Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo… "

Fernando Pessoa

4 de fevereiro de 2008

Janela

São 18h.
O dia escureceu rapidamente.
O aspecto negro da estrada é tingido de traços brancos. E, por vezes, é ofuscado pelas luzes amareladas dos carros. As árvores encontram-se alinhadas à beira da estrada. E passam rapidamente pelo meu olhar. Pareço flutuar, onde estou sentada.
Lá fora há o mesmo espaço para a luz e para as sombras. E faz frio. Gosto. Faz-me reagir. Conduz-me a um estado entre o lado de lá e o de cá.
Afundo-me em pensamentos. Eles emergem.
Lá fora, confundem-se os elementos na densidade da cor do dia que finda.
E cheira a terra molhada. Agrada-me pensar que podia estar lá fora.
Ao longe, muito ao longe, adivinha-se o fim do caminho.
O regresso a casa.

pelos caminhos de Salvaterra de Magos.

3 de fevereiro de 2008

I don't know anything at all

Acabo de baixar os braços e desistir. Sinto-me derrotada. Procurei incessantemente os momentos bons (precisava tanto deles), vasculhei na caixinha da pandora e, hoje, simples palavras derrubaram-me. Sinto-me triste por achar que fracassei. Aliás, sinto-me fraca.


Tenho-me sentido muito fraca.
E não me neguem a razão quando digo que simples palavras ditas agora magoam...