22 de janeiro de 2008

Vestígios de um último olhar.

Agachei-me e perguntei se querias ajuda para desatar o nó que se tinha formado nos teus atacadores. E disseste que sim. No entanto, a chegada do metro interrompeu a minha tentativa de te ajudar. Olhaste para mim com medo que te deixasse ali, sentado no chão. Ajudei-te a levantar, correste para dentro da carruagem e sentaste-te no primeiro lugar que viste. Estendeste a perna e pousaste o pé no meu joelho flectido. Quando consegui livrar-te daquele nó e atei-te o sapato, sorriste para mim e disseste "Obrigado Amiga".
Ainda permanecemos na mesma carruagem tempo suficiente para eu ver uma, e outra vez, o teu sorriso.

O que vejo impressiona-me. Não consigo parar de reparar no contraste de gestos e atitudes.
Comparo estes gestos - cúmplices - entre pessoas que se passeiam nas ruas num ritmo frenético com a postura de pessoas que, de algum modo, nos são próximas.
Questiono a capacidade que cada um de nós carrega de magoar, respeitar e ajudar alguém.

São Os Gestos.
Pinceladas, umas finas, outras grossas, que ficam perpetuadas na minha tela.

Um comentário:

Rute disse...

Há certas situações... Que por mais normais, ou caricatas que sejam nos deixam pensar. Gostaria por um dia de conseguir ler mentes. Acho que bastava um dia para percebermos muita coisa. Para obter respostas.