28 de março de 2008

E o depois?

Sim, estou na segunda circular a pé. Porque há demasiadas coisas em que pensar.
Paro. Uma mensagem. Faz-me voltar para trás. Sei que “todos os caminhos vão dar a Roma” mas a caminhada tem que ser adiada. Tenho mesmo que apanhar o metro senão não chego a tempo. Não que o tempo seja agora importante. Já o foi, para ele. Agora descansa em paz noutro sítio. Ou, pelo menos, já não carrega o peso do corpo e viaja simplesmente por aí.
Livre.
Tenho pena. Mais um alguém que por aqui já não passeia.
Devido às vicissitudes da vida, enfio-me num transporte público em vez de aproveitar as boas pernas que tenho. E logo agora que preciso de pensar a caminhar…
– Estou ladeada por pessoas que estão a ler. Acho incrível. Isto surpreende-me –
Gosto de me sentar do lado da janela virada para o rumo a que segue a carruagem. E agora sento-me assim. Depois de percorrer a linha azul, encontro-me na amarela. A viagem ainda demora uns minutos. Olho as pessoas. E penso muito no que tenho para pensar. A notícia clarificou subitamente a minha cabeça.
O Tempo.
O implacável e imparável tempo.
Segundos, minutos, horas, dias, semanas, meses, anos.
E depois nada. Sim, isso mesmo: n-a-d-a.
Ele morreu e eu? Penso no que tenho para pensar, penso no tempo e vejo que não sai na minha paragem. Fodido. Hora de voltar para trás. E perder mais uns quantos minutos desta vida.
Uma mensagem. É a mana a perguntar se sempre vou lá ter. Digo que sim e explico o motivo do atraso. E acrescento que depois do metropolitano ainda tenho que percorrer uns metros ate chegar à Igreja.
Faz-me bem. Vejo as pessoas sentadas nos restaurantes prontas para jantar. Passam duas crianças por mim a correr. Olho a rua iluminada.
Subitamente, à minha frente, a Igreja de São João de Brito.




Saí com um único pensamento: “No final, somos nada”.

Escrito aos poucos e poucos na pasta rascunhos da secção de mensagens do meu telemóvel.

2 comentários:

Rute disse...

Não concordo. No fimal somos sempre muito! Acredita. Temos uma história muito pessoal, muito nossa. E cabe aos outros conta-la para manter cá a nossa memória!

"Nada se perde, tudo se tansforma"

Beijo aconchegante ***

Anônimo disse...

Gosto de a ler Patricia... até penso que a conheço sem que a tenha visto alguma vez, gosto de si, do que tem dentro, gosto apenas!
Paulo de Oliveira