"Nessa estrada não nos cabe conhecer ou ver o que virá,
O fim dela ninguém sabe bem ao certo onde vai dar,
Vamos todos numa linda passarela
de uma aquarela que um dia, enfim,
Descolorirá"
~Aquarela de Vinicius de Moraes e Toquinho
Ponho a cabeça fora do carro para sentir o vento. Aquele ventinho que faz tremer a minha camisola e sacode os meus cabelos. Adoro quando o carro ganha velocidade e o vento torna-se mais forte. Arrepia-me os pelos dos braços e enreda-me o cabelo. Ah! Limpa-me a alma (: O coração palpita com aquelas curvas e contra-curvas e a velocidade... Os traços da estrada já nem se distinguem, parecem uma linha continua. E no caminho há campos de girassóis queimados. Secos. Mortos. Gosto de os ver.
O resto da viagem? Costumo dormir a maior parte do tempo. Sabe tao bem acordar e sentir os ultimos raios de sol na cara (=
O meu candelabro azul em forma de estrela, o meu companheiro nas horas de leitura, partiu-se. Fiquei destroçada! Mas já me compraram outro. (: A vela baloiça suspensa no candelabro e os vidrinhos reflectem a luz. Lindo!
Acabei de ler o livro “Um brinde à morte” de Agatha Christie. [Praticamente o devorei. Li-o em 3 dias.] Achei curiosa a noticia que saiu no Correio da Manhã (24/08/2007) sobre a Rainha do crime, dizendo que alguns dos seus livros vão ser convertidos em banda desenhada. Ao que parece, a editora britânica Harper Collins tomou esta iniciativa para atrair mais jovens para a leitura da obra desta escritora. O mais cómico? Ela é a autora mais publicada de todos os tempos em qualquer idioma, sendo apenas ultrapassada pela Bíblia. E é uma brilhante romancista policial tendo publicado oitenta livros do género.
Agora preparo-me para ler um livro de um escritor que desconheço. As obras relativas aos casos de Perry Mason surgiram em 1933 e, em 1987, tornaram-se parte da lista de cem melhores obras policiais e de mistério de sempre. Um reconhecimento deste género não me deixa indiferente. Assim, irei ler pela primeira vez uma obra de Erle Stanley Gardner, “Perry Mason – O caso do gatinho descuidado”.
Lembro-me de há relativamente pouco tempo atrás ser uma bookaholic. Lia compulsivamente os volumes das Selecções do Livro da Reader's Digest. Cada volume continha quatro best-sellers contemporâneos editados num único livro. Adorava aqueles volumes porque eram fascinantes e o género de livros era diversificado.
Um aparte!.. a leitura conduz-nos a experiências que ultrapassam o finito. (:
"A leitura é uma fonte inesgotável de prazer mas por incrível que pareça, a quase totalidade, não sente esta sede." Carlos Drummond de Andrade
Curiosa a forma como o significado e simbolismo dos signos conduz a uma interpretação sobre a personalidade das pessoas. Achei engraçada uma descrição sobre o meu signo, que passo a transcrever:
“A inteligência de Escorpião vê a alma das coisas, não simplesmente as coisas; a alma das pessoas, não as pessoas. Na superfície de qualquer problema, eles são cegos, inoperantes, frágeis, mas quando mergulham – seja a situação amorosa, financeira ou existencial – nasce deles uma força, vitalidade e combatividade extraordinárias. Na consciência de escorpião, enquanto uma pessoa não vai até o fim de um problema, ele não se resolve. Ninguém encontra a cura para nada ou transforma uma realidade se ficou "polindo pedrinhas". Uma situação precisa ficar aguda para ser transformada. A garra e o processo de cura do escorpião só se dá através do aprofundamento. Ninguém melhor do que eles conhece a dor da ferida aberta e o dom de cicatrizá-la. Escorpião tem a coragem de arrebentar, quebrar e destruir para depois reerguer. Escorpião tem uma enorme clareza para perceber o que está morto, podre, o que precisa ser removido para que algo de bom e novo possa "re-existir". É deles a inteligência de matar e morrer para que uma nova vida se instale e também a percepção de que a crise não deve ser evitada, já que transforma e renova. A dor que sentimos com as transformações que precisamos de enfrentar, sem escolha, na nossa vida, possuem o sublime sentido de nos mergulhar no que há de mais profundo na nossa alma. "O que a lagarta chama de morte, o sábio chama de borboleta". Independente do tamanho da dor ou da perda, um dia o escorpião cicatriza, estanca. Escorpião não teme o auge de uma situação porque sabe que ele significa o início de outra. Nada fica terrível para sempre ou maravilhoso para sempre. ”
Hoje escureci um pouco a minha tela. No entanto, a claridade chamou-me, despertou-me, e eu deixei cair algumas gotas amarelas. Gotas incertas que formaram o (meu) Sol. O sol que me aquece neste desapontamento que sinto.
"Quem está ao sol e fecha os olhos, Começa a não saber o que é o sol, E a pensar muitas coisas cheias de calor. Mas abre os olhos e vê o sol, E já não pode pensar em nada, Porque a luz do sol vale mais que os pensamentos De todos os filósofos e de todos os poetas. A luz do sol não sabe o que faz E por isso não erra e é comum e boa" Alberto Caeiro
"Tu és nuvem, és mar, esquecimento és também o que perdeste num momento Somos todos os que partiram.
O reflexo do nosso rosto no espelho muda a cada instante e cada dia tem o seu próprio labirinto. A nuvem que se desfaz no poente é nossa imagem; incessantemente, uma rosa converte-se noutra rosa."
"Sigo a estrada que me vai levar ao sol Há 7 dias que caminho sem parar Sou uma criança com licença para sonhar Leio histórias em sorrisos de embalar
E vou pedir ao Deus do sol para me adoptar Perfilhar-me e nunca mais me abandonar Afinal o sol também é meu Quero o raio que só ele me prometeu
Nesta estrada o cansaço não existe O fim está longe mas o corpo não desiste Levo nos braços a guitarra para tocar Tenho por coro a velha estrela polar"
“Projecto-me para a areia E para o azul do mar Transbordo de saudades E de historias para contar” André Sardet
Voltei… por breves momentos. A semana passou num ápice. Foram 5 dias preenchidos de coisas boas e eu tive tempo para saborear cada momento. Com ou sem autorização existiram momentos em que surgiram sentimentos negativos e eu tentei ocultá-los para não interferirem com estes momentos tão bons, tão mágicos, tão meus. A psiquiatra Maria Jesus Reyes afirma que “os pensamentos são responsáveis pelas emoções. Se nos concentrarmos nos pensamentos certos, conseguimos atingir uma felicidade muito constante”. O que significa que, quando estamos infelizes, “não vamos aprofundar mais essa tristeza. Temos de perceber que pensamentos estamos a ter e que nos levam a um sofrimento inútil e prolongado”. A solução é cortar com eles, gerando outros, mais lógicos e positivos, “que nos levem à felicidade”. O riso das crianças, as parvoeiras típicas desta minha família, os passeios, o sol, a água do mar, as pessoas com quem me deparei – pessoas com quem convivo tão pouco tempo ou que conheço há imenso tempo – são pequenos acontecimentos e grandes acontecimentos que me marcam e deixam-me com uma paz interior que me faz sorrir. Como diz Pilar Varela “somos uma pedra que atiramos a um lago (…) com um primeiro círculo, e depois outros, mais distantes mas igualmente importantes”. No primeiro círculo encontramos a família mais próxima e nos restantes círculos, os amigos, os conhecidos e o resto das pessoas que habitam o nosso mundo.
Oh, como gosto desta minha família. (: Sei que está recheada de defeitos (!) mas faz parte de mim. Senti-me bem quando cheguei a casa e quando entrei no meu quarto. Gostei das palavras que troquei com a maninha, e do abraço do pai e da mãe… Tinha SAUDADES deles!
Às parvoíces desta família, às discussões parvas que nos fortalecem, às palavras que trocamos e que nos enchem a alma e aos momentos que passo com eles. Às frases que fizeram parte desta semana [“Põe o dedo no cu como o babuíno do zoo”], e a duas musicas que nos acompanharam nesta viagem!
* Mafalda Veiga e João Pedro Pais – Paciência [Rádio RFM]
* André Sardet – Quando eu te falei de amor [Apaixonei-me pelas musicas do CD 'Andre Sardet Acústico'! E esta musica é especial para nós porque nos rimos com ela, brincámos e cantámos em conjunto enquanto as pessoas olhavam para nós.]