Com o terminar do dia os movimentos aninham-se no embalo do cansaço e teimam em confinar toda a liberdade. Mas este remoinho de ideias que tento plasmar e decifrar, que não quero e não consigo parar, cria uma força ignota que me descerca os movimentos e impele a agir. Não por mera curiosidade, abro zelosamente a minha caixa de pandora. O coração bate desconcertadamente e respiro fundo. Num rápido movimento, introduzo uma mão dentro de mim e arranco-o sem jeito ou cuidado. Sinto o frio da nudez. Hesito. A mão treme, encosto-a ao meu peito e sinto o seu calor. Fecho os olhos e sinto-o a puxar-me os sentidos, a guiar-me os passos. A magoar-me continuadamente.
Fecho a caixa lentamente, perdendo-me por um instante ao observar, uma última vez, o que deixei lá dentro.
À medida que o caminho se desenha à minha frente, o meu corpo esvaece-se. Mais vazio, fraqueja.
Neste momento, vejo-me agora, de dentro para fora, parte de mim guardada algures no canto de uma caixa, um pergaminho sem palavras.
Sem raízes vislumbro, ao longe, o amanhecer de mais um dia…
8 de julho de 2008
Skips
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