30 de janeiro de 2008

Dor

s. f.,
sofrimento físico ou moral;
mágoa, aflição;
pesar;
dó;
condolência, piedade;
remorso.

in Dicionário da Lingua Portuguesa.

28 de janeiro de 2008

São tantos os sinais de nascença como o número de estrelas mas...

" (...) A pele enxerga melhor com sardas. São os óculos naturais da pele. Fogo que levemente doura. Brasa singela que acomete as árvores e o crepúsculo no Outono. Pão casado com a madeira.

As sardas são uma procissão da boca. Não retiram beleza, mas acentuam. Fazem qualquer rosto voar como os cabelos, subir como um vestido. Não deixam nenhum rosto brincar sozinho. São marcas de lábios das folhas. Uma chuva de folhas. O cheiro de alfazema das folhas.

O ouvido torna-se mais próximo das sobrancelhas, mais próximo do nariz, mais próximo do queixo. É possível acompanhar toda a vizinhança dos telhados.
As sardas são balas de goma, o açúcar das balas de goma.
Elas fazem o corpo rir mesmo quando está indisposto.
Uma mulher com sardas tem jeito de praça na encosta. Eu só subia a encosta da rua porque tinha uma praça no meio do caminho para brincar e recuperar o fôlego. A praça sempre foi a véspera de minha casa.
As sardas são a véspera do sol.

Um rosto com sardas, como podem reparar, é bem iluminado. Não pela luz que entra mas pela luz que já lá está."

por Fabrício Carpinejar, poeta e jornalista.

26 de janeiro de 2008

O chocolate e a minha dose de serotonina




O triptofano, presenta na composição do chocolate, estimula a produção de serotonina que é um neurotransmissor responsável pela sensação de prazer e bem estar. E com isso alivia a depressão e a ansiedade. Para alem da serotonina, as calorias aumentam a endorfina que explica a sensação de prazer.


E depois não me chamem gulosa!
A ciência diz-me que o chocolate acalma e melhora o humor.
E eu estou com uma vontade enorme de comer um Galak..

24 de janeiro de 2008

Photografia


(...) a essência da imagem é estar toda fora, sem intimidade, e no entanto mais inacessível e misteriosa do que o pensamento do foro íntimo; sem significação, mas invocando a profundidade de todo sentido possível; irrevelada e todavia manifesta, tendo essa presença-ausência que faz a atracção e o fascínio das Sereias.

- Maurice Blanchot

22 de janeiro de 2008

Vestígios de um último olhar.

Agachei-me e perguntei se querias ajuda para desatar o nó que se tinha formado nos teus atacadores. E disseste que sim. No entanto, a chegada do metro interrompeu a minha tentativa de te ajudar. Olhaste para mim com medo que te deixasse ali, sentado no chão. Ajudei-te a levantar, correste para dentro da carruagem e sentaste-te no primeiro lugar que viste. Estendeste a perna e pousaste o pé no meu joelho flectido. Quando consegui livrar-te daquele nó e atei-te o sapato, sorriste para mim e disseste "Obrigado Amiga".
Ainda permanecemos na mesma carruagem tempo suficiente para eu ver uma, e outra vez, o teu sorriso.

O que vejo impressiona-me. Não consigo parar de reparar no contraste de gestos e atitudes.
Comparo estes gestos - cúmplices - entre pessoas que se passeiam nas ruas num ritmo frenético com a postura de pessoas que, de algum modo, nos são próximas.
Questiono a capacidade que cada um de nós carrega de magoar, respeitar e ajudar alguém.

São Os Gestos.
Pinceladas, umas finas, outras grossas, que ficam perpetuadas na minha tela.

20 de janeiro de 2008

Ganhei..


um prémio!

Obrigada Sara (=!

1- Este prémio deve ser atribuído aos blogues que considerem serem bons, entende-se como bom os blogues que costuma visitar regularmente e onde deixa comentários;

2 - Só e somente se recebeu o 'É um blogue muito bom sim senhor', deve escrever um post incluindo: a pessoa que lhe deu o prémio com um link para o respectivo blogue; a tag do prémio; as regras; e a indicação de outros 7 blogues para receberem o prémio;

3 - Deve exibir orgulhosamente a tag do prémio no seu blogue, de preferência com um link para o post em que fala dele;

E aqui vão as minhas escolhas por ordem aleatória:
Possivelmente alguns dos blogs que mencionei já foram nomeados. Mas o que interessa é a intenção, não é verdade?

:)

* um blog que eu adoro ler (e reler) mesmo ja tendo chegado ao fim.

19 de janeiro de 2008

Número Cem.


O centésimo post do Gotas de Tinta.


Aquarela por Toquinho


(= beijinhos com sorrisos

18 de janeiro de 2008

Não me posso aperceber de tudo, não é verdade?

E guardo para mim mais uma frase.
Outra que me fez ver a vida de modo diferente.
Ou que me fez ver a vida realmente como ela é.

17 de janeiro de 2008

Psiu!


"Devemos fazer da interrupção, um caminho novo. Da queda, um passo de dança.
Do medo, uma escada. Do sonho, uma ponte. E da procura, um encontro...”

Fernando Pessoa

16 de janeiro de 2008

"Tenho medo que a liberdade se torne um vício"

Já não me lembro ao certo onde a li.
Talvez numa entrada ou saída das carruagens do metropolitano. Com toda a correria habitual deste meio de transporte, vi-a de relance num outdoor e, no meio da confusão, tentei dar uma última espreitadela e ver o seu autor.
E ela ficou a ecoar na minha cabeça. Perseguiu-me durante todo o passeio pela baixa lisboeta.

Durante muito tempo tive medo de estar sozinha. Mas depois acabei por descobrir que nunca estive realmente sozinha. Primeiro, tenho a minha companhia e depois encontro-me cercada por pessoas que estão presentes em todos os momentos.
Agora o medo é outro.
Tenho medo de perder a capacidade de responder às perguntas, medo de não ter paciência com as banalidades do quotidiano (a dois) e medo de não ser capaz de mostrar os meus sentimentos sem sentir que estou a ser fraca. Tenho medo que este muro que construí seja uma futura razão para o afastamento de algumas pessoas.

Hoje procuro presentear-me com momentos que me façam sentir bem. Por isso, se deixo alguém passar este meu muro, espero que essa pessoa tenha a capacidade de me proporcionar o bem estar que procuro. E sim, é uma tarefa árdua porque a exigência é superior.

Mas estar só também implica muito. Implica ter os ombros suficientemente fortes para arcar com o peso das questões do dia-a-dia. Implica possuir uma força interior constantemente renovada para enfrentar sozinhos os medos interiores e exteriores que surgem. Implica procurar em cada momento mau uma luzinha que nos aqueça a alma e nos faça ter coragem para mais um dia. E outro. E outro.

A chuva que caiu durante o dia de hoje soube bem. Sabe sempre bem quando a irritação é pouca e a correria também. Gosto desta chuva que chega de surpresa. Não vale a pena abrir o guarda-chuva. Estas gotinhas escancaram a porta dos pensamentos e fazem-me pensar mais claramente.
Sem perceber como, hoje elas fizeram abrandar a velocidade do meu pensamento. E estas sensações e pensamentos foram sendo substituídos por uma espécie de calma. Nesse preciso momento apercebi-me que as poucas horas de sono estavam a ter efeitos no meu corpo. As gotinhas de chuva faziam-me sentir viva mas o corpo ressentiu-se.
Estava na hora de voltar para casa e recuperar as horas de descanso perdido. Repousar o corpo, a alma e o pensamento.

" Tenho medo que a liberdade se torne um vício, enquanto que agora é apenas uma saudade."
Miguel de Sousa Tavares, in Rio das Flores.


A saudade que hoje carrego na minha consciência pesa um pouco mais do que ontem.
A saudade dos bons momentos... criados a dois.

13 de janeiro de 2008

Procuro:

O meu equilíbrio.

11 de janeiro de 2008

La confusión

Pensamentos, momentos e gestos d’ontem perfilham agora na minha cabeça. Espreito com atenção o infinito de palavras e ocasiões. Os pontos de interrogação desenham-se.

Decido desconectar-me desta confusão.
Perguntas desnecessárias?

Os actos que ponho em questão não são os meus mas sei que a decisão, depois, será minha.

7 de janeiro de 2008

A desconexão deste dia a outros

Ali, o dinheiro empobrece o encanto. E toda aquela magnificência é insignificante perante o que move aquelas pessoas. Elas apenas procuram paz. Crendo, rezando e acendendo velas. O silêncio está carregado de pedidos e de agradecimentos. E eu sinto-me bem naquele ambiente. Coloco-O em questão, não apoio aquela ostentação e comércio religioso, respeito a crença daquelas pessoas mas apenas acredito na pequenez do ser humano perante a vida e na força interior que todos nós possuímos para enfrentar um, e mais um, obstáculo que se coloca diante de nós.

Em Fátima.

Voltei àquela típica vila de pescadores, onde as mulheres vestem sete saias e o mar é fonte de vida. A casa da tia é perto do mar e eu não podia deixar de o admirar mesmo sabendo que, pelo menos hoje, não iria sentir a sua brisa forte e ver o quão bravo estava. As ruas são a pique e a casa da tia é confundível com todas as outras casas típicas nazarenas. Somos então acolhidos numa recepção calorosa e que nos cativa. São saudades. Naquele momento, vejo que já não somos os mesmos.
Perco-me nas memórias da tia que me embalam para o seu passado. Vejo os seus olhos embargados de saudade e lágrimas. E oiço a voz daquela mulher que outrora fora muito feliz e que hoje sofre mas que possui uma coragem incrível. Quem a ouve, sabe que ela ainda o ama e por isso é que trata dele dia a dia, sem descanso. Ontem ele era Homem. Hoje é apenas o que a vida fez dele, tornando-o numa peça sem vida num jogo de xadrez. A sua cabeça está confusa, os movimentos são poucos mas o sorriso surge inesperadamente. E ali nada é forçado ou com maldade. O sorriso surge-lhe no rosto como se de uma criança se tratasse. Sei que não me reconheceste mas os sorrisos que me deste apagaram, por momentos, os efeitos que a alzheimer tem em ti.

Na Nazaré.

Gosto daquele espaço. E quero lá voltar.

3 de janeiro de 2008

sem título.




you see i am the bravest girl
you will ever come to meet
yet i shrink down to nothing
at the thought of someone
really seeing me
i think my heart is wrapped around
and tangled up in winding weeds